engasgo

na impossibilidade de mensurar as faltas, no excesso de mágoa e angústia, no transbordar dos afetos que não acham lugar, nas noites insones com tanta mistura de plural e singular, memórias concretas, quereres impossíveis, conversas solitárias à dois, palavras não entregues ao destinatário, desconhecer o que foi lar, recriar o chão, aceitar o inaceitável, revirar no estômago, justificar o injustificável, virar cachoeira, desaguar, ser mar, encontrar descasos mesclados com afagos, sentir no corpo o registro das inconstâncias, do aperto no peito à falta de ar, o grito que vira sussurro que se esgana em silêncio. lembrar do que pulsa, recordar a entrega, sentir amor em cada poro, fechar os olhos e passear por cada centímetro, cheiro, gosto, textura e sensação, palpar a ausência, a lembrança como único abraço possível. tudo tão menor que dois, tão maior que um. tanto sufoco buscando sossego. como mudar o pulsar, reaprender a respirar e ainda lembrar que há beleza pra chegar?

Publicidade

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s