nada de impermeável em mim.

em um mundo ensimesmado, com pensamento cheio de esquecimento: sentir em demasia. atravessamentos. quereres de verdades.

em ser consciência corporificada: fazer do cuidado terreno fértil. afeto.

num engasgo atravessado mal permitindo deglutir e respirar, encontrar na terra meio de descarregar. inchada. enxada.

reterritorializar o lugar do sensível desterritorializado do corpo. no corpo.

nessa dança corpo-terra-enxada-muda de descarga-(re)carga nessa terra viva-vida, em dar, receber, trocar, cuidar, enraizar… aterrar. na presença, o respirar. (des)aguar. sentir. devir.

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engasgo

na impossibilidade de mensurar as faltas, no excesso de mágoa e angústia, no transbordar dos afetos que não acham lugar, nas noites insones com tanta mistura de plural e singular, memórias concretas, quereres impossíveis, conversas solitárias à dois, palavras não entregues ao destinatário, desconhecer o que foi lar, recriar o chão, aceitar o inaceitável, revirar no estômago, justificar o injustificável, virar cachoeira, desaguar, ser mar, encontrar descasos mesclados com afagos, sentir no corpo o registro das inconstâncias, do aperto no peito à falta de ar, o grito que vira sussurro que se esgana em silêncio. lembrar do que pulsa, recordar a entrega, sentir amor em cada poro, fechar os olhos e passear por cada centímetro, cheiro, gosto, textura e sensação, palpar a ausência, a lembrança como único abraço possível. tudo tão menor que dois, tão maior que um. tanto sufoco buscando sossego. como mudar o pulsar, reaprender a respirar e ainda lembrar que há beleza pra chegar?

se não agora, quando?

aqui pensando… tudo que temos é o agora. voltei a me questionar “se não agora, quando?”. por que tantos afetos não chegam ao destino? por que tanto não dito? por que tanto medo?
desaprendo a guardar. fico achando que não vai dar tempo, porque a vida me contou logo cedo que, por vezes, não vai. se eu sinto, quero, desejo: digo. e ainda é tanto que calo, por não caber, não entender. eu gosto de pele, de cheiro, de alma, me interesso pelos detalhes.
quando que travou o toque? quando que os olhos se perderam dos outros olhos? quando que se enalteceu o vácuo? quando se importar menos virou vantagem? quando tudo ficou tão raso?

os lugares mais bonitos que conheci foram difíceis de chegar – os externos e os internos -, mas é deles que eu gosto mais.
a superfície é bonita, mas no mergulho tem imensidão.

faz tempo que não falamos do que realmente importa.

(des)sentidos

minha noção de tempo mudou
minha noção de afeto mudou
o mundo sapateando em cima do peito
a respiração pesa, encurta, acelera… falta o ar
ausência, insuficiência, inexistência
as angústias vão somando, embaçando, sufocando
tudo tão pontual, efêmero e descontínuo
lá fora não faz sentido. aqui dentro também não.
discrepâncias, discordâncias, divergências
uma sequência de desencaixes
uma sequência de desencontros
uma sequência de (des)sentidos.

cem dias sem

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os olhos inchados de chorar pela saudade, pela falta, pelo excesso. os olhos inchados de chorar pelos excessos das faltas, pelos excessos de mim. o corpo gritando a falta dos toques, a falta dos contatos, a falta. falta, falta, falta… que louco é transbordar me sentindo seca. como posso transbordar se me sinto seca?

a mente cansada até das próprias ambivalências. sonhos estranhos, impulsos novos, contenções improvisadas. essa solidão tem um gosto totalmente diferente das que já experimentei. ressignifico afetos, piso em solos incertos. experimento as trocas férteis, terrenos inférteis, sinto muito os vazios. sinto saudade de quem nunca vi. sinto saudade de quem sempre esteve aqui.

saio do eixo, me questiono, analiso, confronto. erro, acerto e erro de novo. me desespero, perco o ar, quero voltar atrás. quero correr pra frente. lembro que o lugar seguro é o corpo. o meu. nos ciclos de vida-morte-vida, foi esse corpo que sempre esteve aqui, também se refazendo. troco de pele. nela que nasço e renasço. infinitas vezes. me vestindo de mim.

cem dias de quarentena. faço um autorretrato. me pareço triste. edito em preto e branco porque acho mais poético. dizem que o triste é poético. não são poéticos esses cem dias sem.

respiro. me recolho. escrevo. me acolho. preciso trabalhar.

previsão de tempo errada

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é sexta, a temperatura caiu um tanto – de novo. to doente há uns dois meses, talvez mais. quase 2 anos de SP e meu corpo ainda não aceita as mudanças drásticas de temperatura, afinal, são 4 estações, variações climáticas de 20 graus, sol de dar insolação e chuva de granizo… em um único dia. e ainda falam que não existe aquecimento global e ainda falam que você tem que dar conta e ainda falam que precisa fazer mais e ainda falam que precisa estar disponível e ainda falam que precisa estar online e ainda falam que são só mais 3 anos e 3 meses e ainda falam que ele não passa do segundo ano e ainda falam que tudo vai melhorar e ainda falam que no shopping metrô é mais barato, porque lá fora é 15 e aqui dois é 10… e ainda falam demais. eu falo demais. aí tive a genial ideia de pedir pro universo me ajudar a conter minhas palavras: faringite. cuidado com o que e como pede pro universo. eu mesma só queria um pouquinho mais de autocontrole, fica dica pra ser mais específica no próximo pedido.

mas eu comecei a escrever porque hoje é sexta, a temperatura caiu um tanto – de novo. to doente há uns dois meses, talvez mais… e hoje resolvi me mimar, fazendo panquecas de banana com geléia de morango e um café-preto-sem-açúcar-por-favor, do jeito que eu gosto. hoje resolvi me mimar porque, sabe… apesar de tentar me sustentar nas good vibes a maior parte do tempo, de tentar viver na leveza a ponto de ter tatuado a palavra no ombro, tem dias que… tem dias que. fora essa sinusite-laringite-faringite-seja-lá-o-que-for-cada-médico-diz-uma-coisa-senhor-me-ajuda-não-aguento-mais-socorro que me acompanha e já tirou toda a minha paciência (acabou a cota de 2019, favor esperar 2020), meu estômago tá destruído de tanto remédio. tomei tanto corticoide e antibiótico que, num mês de uma TPM excepcionalmente forte que nem eu tava me aguentando, minha menstruação resolveu atrasar um monte – e minha TPM resolveu ser fofa e ficar comigo pra não me deixar sozinha com a sinusite-laringite-faringite-whatever socorro! -, e foi tanto remédio que nem estranhei o atraso. também não estranhei que minha pele tá terrível, meu cabelo esquisito, to sempre cansada, inchada num ponto que nenhuma roupa cai bem e numa ansiedade “sem explicação” que não me larga, me acelera e me faz querer comer o mundo como se não houvesse: amanhã, viagem pra um destino biquíni em duas semanas ou um encontro que vai me esclarecer um tanto sobre mim (como eu disse, ansiedade “sem explicação”). mas o mais ridículo é que se passaram dois meses e… eu sigo doente, ansiosa e impaciente.

ontem quis uma cerveja como poucas vezes na vida. abri a geladeira, olhei para elas, elas olharam para mim, peguei todos os legumes que tinha, fiz uma sopa e jantei quietinha no sofá assistindo Grey’s Anatomy (sim, sou guerreira e to aí terminando a 15a temporada). respirei, entendi que, no meio dessa bagunça toda, meu corpo tá gritando que tá tudo uma bagunça mesmo e que eu preciso desacelerar, parar, respeitar, respirar, conectar e ouvir o que ele tá me falando. pessoas falam demais, eu falo demais, corpos também falam demais. fugir pras redes sociais, pra cerveja, pro vinho, pros livros, pro bar, pra fora, pro externo… nada disso vai me ajudar agora. falei algumas vezes que vou viajar para desconectar, mas, não. vou para conectar… comigo. tem algo gritando aqui dentro e, dessa vez, tá realmente difícil de entender… ou aceitar, ainda não sei ao certo. mas hoje eu resolvi desaba(fa)r, tentar e me mimar… “pode crer, pode crer, pode crer, vou me levantar”, porque é sexta, a temperatura caiu um tanto – de novo. to doente há uns dois meses, mas hoje eu decidi que “previsão do tempo errada, diz que o dia hoje seria frio, mas hoje fez um dia quente, fez um dia lindo”.

sem nome, mas com endereço

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você me fez precisar acreditar que as coisas não acabavam aqui, que existia mais, que existia além, que existia depois. hoje, não preciso, mas sigo acreditando que existe tanto mais além do pouco que meus olhos vêem, do que minha racionalização exagerada entende.
sem saber, você me fez perceber e entender a importância do aqui e agora, me ensinou que só temos esse momento, que o depois… que do depois a gente nunca vai saber. me ensinou que preciso estar inteira no presente, viver o que sinto, falar o que transbordo, me permitir ser, mesmo às vezes sendo meio desajeitada, esquisita e bagunçada, fazendo um monte de besteira. sem querer, você me fez questionar milhares de vezes: “se não agora, quando?”. isso me impulsionou e fortaleceu pra tanto que eu não acreditava ser capaz. sou.
é massa poder perceber quanto aprendi contigo. sou grata. demais. mas na próxima, espera pra me ensinar a escolher o vinho… ou pelo menos até eu registrar teu abraço e o som da tua risada.
onde você estiver, espero que tenha tido festa aí, porque eu sigo superestimando aniversários e, aqui, o dia 22 de agosto vai ser sempre teu. te amo.

Captura de Tela 2019-08-28 às 23.24.10

um ano e meio

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e já se foi um ano e meio. um ano e meio que deixei a rede pendurada no terraço, um ano e meio que descobri que não sei me despedir. um ano e meio que eu não soube me despedir da amora amiga, dele, da minha casa ou da família”. um ano e meio – risos -.

um ano e meio de São Paulo, de intensidades e delicadezas, de caos e coração. quanta intensidade, quanta delicadeza, quanto caos, quanto coração.

a real é que dias atrás me sentia quebrada, cansada, descrente, perdida, sozinha, ansiosa, sem energia e sem muita fé em dias melhores. mas… não sei, a vida tem dessas. hoje faz um ano e meio que cheguei em São Paulo. pra não fugir da regra, estou com crise de sinusite – acho que nunca vou aprender a lidar com as mudanças drásticas de temperatura -, mas me sinto inusitadamente bem, leve, tranquila, em paz. sentada sozinha na sala da minha casa, numa sexta-feira à noite, porque entendi que era o que queria e precisava: um tempo comigo, sozinha. só uma caneca de água ao lado, pois queria estar totalmente presente, absorvendo essas sensações. o vinho e a cerveja estão na cozinha esperando pelo dia de amanhã; bons amigos estão logo ao lado, também fisicamente presentes amanhã. hoje arrumei minha casa toda, mudei algumas coisas de lugar, fui ao supermercado, fiz um jantar delicinha pra mim, vi série e sentei pra tentar colocar em palavras esse tanto que pulsa aqui dentro.

ainda me sinto perdida, mas me sinto tão presente comigo, tão em paz com o percurso, tão grata. escrevo sentada no meu sofá, no meu apartamento, no meu canto. feito boba, fico olhando ao redor, reconhecendo tudo, reconhecendo o percurso pra isso tudo. e agradecendo. tem tanta gente querida nessa sala, tanta gente presente na minha casa, tanta gente presente em mim. Potter, mainha, Lu, Bia, Fê, Xu, Camis, Normanda, Guilherme, Cláudia, Bruno, Ju, Lita, Day, Jorge, Thiago, Victor, Ana, Issao, Sylvia, Shika, Stephanie, Gaby… vou olhando ao redor e encontrando nos livros, nos quadros, nos móveis, nos objetos espalhados pela sala… tanta gente, tanta energia, tanto afeto, tanta presença.

nesse um ano e meio, me perdi e me encontrei centenas de vezes, cai e levantei, perdi o ar e reaprendi a respirar, desisti e insisti, deixei ir e deixei vir. então vamos ao balanço! em um ano e meio: morei em dois apartamentos; voltei a ter meu canto meu, um ap que tem cada vez mais minha cara, jeito e energia; a clínica tá fluindo de uma forma muito bonita e eu adoro meu trabalho, tem feito cada vez mais sentido pra mim; conheci a Umbanda; virei aloka das plantas (vez ou outra ainda mato alguma, mas to evoluindo, juro); conheci vários lugares incríveis; experimentei comidas maravilhosas e talvez tenha um restaurante preferido (oi Gopala); já sei dar informações no metrô e, às vezes, na rua (me achando muito orientada); virei uma pessoa carnavalesca; aprendi a fazer sopa (aprendi a gostar de sopa, talvez essa seja a informação mais chocante); comecei a correr (ok! essa é mais chocante que a sopa), voltei a malhar e meu corpo voltou a dançar. me apaixonei, fui muito feliz e saí inexplicavelmente machucada e magoada. maratonei umas séries; li menos livros do que gostaria; viajei – pouco, precisamos rever isso aí -; fui pra João Pessoa 4 vezes; trintei; descobri que gosto de Gin; me permiti experimentar várias coisas e descobri mais um tanto sobre mim; bebi mais cervejas e vinhos do que posso contar (aprendi a beber vinho); bloqueei a cachaça na minha vida; vi concerto, musical e shows incríveis; recebi visitas maravilhosas; vi coisas deixando de fazer sentido, vi coisas fazendo sentido; senti pessoas fazendo sentido, senti pessoas deixando de fazer sentido; senti saudade de doer corpo e alma; senti falta até sufocar; me afastei do que importa, reencontrei o caminho; ganhei pessoas maravilhosas nesse percurso, conheci tanta gente incrível, fiz amigos que dão sentido e sigo com quem me faz sentido; me senti a pior pessoa do mundo, me senti a melhor pessoa do mundo, hoje me sinto pessoa no mundo. meu corpo mudou, meu peso mudou, meu cabelo mudou, minhas roupas mudaram, meus quereres mudaram, meus desejos mudaram, meus ciclos mudaram, meu gosto mudou, meu mundo mudou, eu mudei. o saldo segue positivo.

ultimamente várias pessoas tem me perguntado se vou ficar, se vou voltar, se vou. hoje estou. é bom estar. escrevendo tudo isso, engraçado, me sinto menos perdida. me sinto em paz com quem sou, com onde estou e sou grata por tanto. grata aos que vieram, aos que chegaram, aos que ficaram e aos que foram. hoje sou infinitamente grata aos meus, à minha família, aos amigos que se fazem presentes na ausência física, aos amigos que se fazem fisicamente presentes, à minha analista maravilhosa que tem sido essencial nesse processo todo, aos pacientes que confiam no meu trabalho, aos deuses, aos orixás, às energias, às trocas, às reciprocidades, aos afetos.

então, depois do adeus, 101. olá, 602., fiz 365 dias e agora me acolho nesse um ano e meio de São Paulo. que delícia viver tudo isso. que loucura ser tudo isso. acredito que estou onde deveria estar. posso respirar. me sinto inteira.

home

 

ano passado eu morri

ano passado eu morri, mas esse ano eu… morri de novo. e tem sido assim, ano após ano. todo ano eu morro. uma parte de mim não aguenta, cansa, desiste, sufoca, engasga, esgarça, rasga, sangra, chora, sofre, transborda, se mata ou é morta por alguém. e aí vem outra. e aí vem outra. e aí vem outra.

eu morri quando recebi o primeiro não. eu morri quando morreu meu pai. eu morri quando fui obrigada a tantas coisas. morri quando abri o supercílio, quebrei o braço, o joelho, passei semanas internada num hospital. morri quando mudei de casa, quando mudei de cidade. morri quando errei comigo, com o outro e morri de novo quando erraram comigo. morri quando decepcionei, quando me decepcionaram. morri quando chorei até perder o ar. morri quando descobri que as pessoas podem ser cruéis, sem intenção ou com. morri quando fui assediada, quando meu valor foi atrelado ao meu hímen, quando tive medo por ser mulher. morri quando vi pessoas serem agredidas por sexualidade, gênero, cor. morri quando saiu o resultado das eleições de 2018. morri quando um amor acabou, o primeiro e o último. morri quando amizades acabaram. morri quando entendi que, às vezes, preciso ir embora querendo ficar. morri quando pessoas foram embora. morri quando pessoas que eu amo morreram.

há 30 anos eu morro e renasço. sempre com novos olhos, ideias, pontos de vista, apropriações, conexões, sensações, percepções, sentimentos, elaborações, paixões, desejos, quereres. morro e renasço mais serena, mais consciente, mais inteira, mais frágil e forte, entendendo que partes sempre vão morrer para dar espaço para outras tantas, ainda acredito, mais bonitas. sempre nova, sempre velha, sempre outra, sempre eu.

esse ano eu morri, mas…

365 dias

há exatos 365 dias desembarcava no aeroporto de Congonhas. dessa vez, não mais para passar uns dias, mas na viagem que acabaria com minhas vindas mensais pra São Paulo. dia 3 de fevereiro de 2018 São Paulo começava a virar lar. como eu escrevi aqui quase um ano atrás, escolher vir pra São Paulo foi natural, fácil… mas vir não foi. eu sou péssima em despedidas e comecei um movimento muito denso e desgastante: estar fisicamente presente, mas com minha energia voltada pra outro lugar.

e aí eu cheguei. os primeiros meses foram insanos, nunca faltavam cervejas e vinhos, saí da casa em que morava sozinha pra morar com uma amiga pela primeira vez, curti meu primeiro carnaval de rua, um rolê atrás do outro, a empolgação com o novo, o deslumbramento com tanto. o que fazer com tanta liberdade e possibilidade, né?! conheci muita gente, muitos lugares, novas bandas, novos sons, sonhos, desejos, gostos, sensações. e aí o tempo foi passando, a energia foi se equilibrando, as coisas foram começando a ser significadas e ressignificadas. comecei a estar mais presente, comecei a me conectar.

foi um dos anos mais difíceis da vida, foi meu retorno de saturno. nele eu ressignifiquei a solidão, nele eu me perdi, me desesperei, me desrespeitei, olhei pro meu passado, pros meus traumas, feridas, dores, arrependimentos (?), medos, quis desistir. nele eu entrei em pânico, me desestabilizei, senti muita raiva (olha o presidente eleito, né?!), me decepcionei – comigo e com o outro. nesse ano eu fui acolhida, por mim e pelo outro. nesses 365 dias morando em São Paulo me (re)conheci, me dei novas chances, possibilidades, me permiti, me respeitei, me perdoei, revi meu olhar pra mim e pro outro, olhei pro presente, mudei de lugar internamente várias vezes, acolhi, fiquei em paz, senti muito amor, decidi começar a viver. foi um ano de ressignificar.

365 dias depois, estou um tanto nostálgica, esperando chegar o 3 de fevereiro de 2019, como se fosse meu ano novo paulista, meu impulso de recomeço (dessas minhas crenças bobas que me fortalecem). minha vida deu uma virada de 365 mesmo. esse novo ano começa com mudança pra casa nova e com essa mudança em andamento, já vieram novos ciclos, trabalhos, pessoas, projetos, desejos. engraçado parar agora e ver como mudaram os meus quereres em um ano, como mudaram minhas perspectivas, como mudaram… todas as julianas que sou. grata, universo.

nesses 365 dias, São Paulo se fez lar. me sinto filha de pais separados que tem lugar pra si na casa dos dois. João Pessoa e São Paulo são tão diferentes que, na minha última ida ao paraíso que eu morava e agora passo férias, quando me perguntavam “João Pessoa ou São Paulo?” eu só sorria e me sentia grata por ambos, por poder estar. meu maior pedido pra 2019 foi que eu pudesse estar onde meu corpo está. estou. que eu possa continuar sendo e estando, comigo ou com o outro, aqui ou aí. que eu possa continuar me sentindo grata e preenchida como me sinto agora.

sou muito grata a cada pessoa que fez parte desse ciclo. grata aos que chegaram e ficaram em mim, grata aos que passaram. grata aos que trocaram afetos, aos que trocaram abraços, aos que trocaram olhares, aos que trocaram palavras, aos que trocaram tempo, aos que trocaram presença, aos que trocaram ausência. grata aos que estiveram fisicamente presentes e aos que se fizeram presentes estando fisicamente ausentes.

grata SP. grata por me deixar descobrir quanto amor existe em você.

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“me apaixonei por essa vista à primeira vista. não imaginei que continuaria me apaixonando por ela todos os dias, nesses 365 dias de SP. em tantos dias intensos e insanos, foi aí que achei a leveza e calmaria que estavam perdidas de mim, em mim. grata por esse ano louco, SP. que venha o próximo.”